quarta-feira, 7 de abril de 2010

Status de relacionamento? Híbrido


Uma vez era…

Um cara ou “o cara”. Tímido? Sei lá, achei ele até bem ousado!

Na dele? Talvez, mas ele tinha gana, determinação. Parecia saber o que quer.

O que é proibido, o que foi coibido, que desperta a libido, o que é então?

Mal casado? Não, ele é até “bem casado” e não sabe explicar não.

Se é assim, por que um affair? Despropositado? Parecia cheio de propósitos…

Pensei : será que a multiplicidade de vínculos, trajetórias e conexões na vida de um ser humano cabem num casamento?

Solteiros, casados, namorados, peguetes, descasados, enrolados, ficantes, amantes e amados. Vai saber…

A impressão que tenho é que as categorias não dão conta da nossa pluralidade.

Como gerenciar a nossa necessidade de criatividade, inovação e liberdade com as características embaladas no casamento, sob o rótulo igualmente sedutor , oferecendo rotina, equilíbrio, “segurança” e “exclusividade”?

Estrelas nos olhos é o que também queremos. Aquela sede insaciável é o que nos faz sentir vivos. A pele arrepiada é o que traduzimos como desejo. O novo, o despertar, somos curiosos, queremos des-cobrir, tirar o véu, mas também queremos pertencer.

Em geral, o que é uma pena, esses elementos acabam sucumbindo com o dia a dia de uma relação sob a placa: “casados”. Em lugar disso, o amor ou a defesa dele em nome da parceria, dos laços de amizade, de uma vida compartilhada.

Difícil isso! Acho que queremos mesmo tudo isso embrulhado num pacote só e, de preferência, com alguma pimenta.

Pode ser?

Isso, quero dose dupla, quero combo, promoções combinadas, não quero nada plano, excludente, linear, quero diversão e descanso, ousadia e respeito, colo e encorajamento, autonomia e aconchego, quero unir-me e também respirar, descoberta e pertencimento, agito e paz, liberdade e responsabilidade, quero aventura e amor.

Por que não?

Na verdade, somos um cruzamento de desejos de várias espécies, com diferentes elementos na sua composição. É o preço do mundo globalizado, da intensa carga de estímulos, dos movimentos de luta política. Temos homens na cozinha e mulheres nas corridas de stock car, temos pais criando filhos sozinhos e mulheres que não desejam ser mães. Fato é que estamos cada vez mais híbridos.

Mulheres que parecem “santas” tranformam-se em lobas selvagens em busca de “amor”. Homens ditos “canalhas” são verdadeiros gentleman que tratam bem e carinhosamente suas mulheres. Mulheres vestidas para matar que têm um verdadeiro coração cor-de-rosa. Homens misóginos se dizem apaixonados mas a verdade é que odeiam as suas mulheres. Temos tudo ao mesmo agora e queremos mais.

Temos heteros, bi, homossexuais, transexuais. Há metrossexuais e também mulheres que não pintam as unhas e nem os cabelos. Mulheres que matam baratas e homens que correm de inocentes morcegos. Temos famílias constituídas por 2 mães, nenhum pai, inter-racial, formada por kibutz. Nada mais é definido tal como era antes. Tudo desconstruído, novo, híbrido.

Nossa espécie evolui e se torna cada vez mais complexa, nossa personalidade está mais receptiva as diversas mudanças sociais e culturais. Flexibilidade e tolerância é o que se pede para a sobrevivência da nossa humanidade.

Assim, tal como os carros flex, utilizamos muito mais que uma fonte de energia para o nosso funcionamento. Associamos vários motores, integramos informações e sentimentos múltiplos. Nos tornamos híbridos e fato é que ainda não sabemos lidar com isso…

Hoje eu só quero um abraço, cheio de significados e que, contenha vários elementos, híbrido talvez…

4 comentários:

  1. Aki vai o meu abraço !

    Parabéns pelo post !

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  2. Mas também, categorizar pra quê? Minha maior dificuldade em minha 'geminianice' sempre foi a de escolher ou isso ou aquilo. Por que não isso E aquilo? Vivemos uma ruptura de padrões em tantas esferas: econômica, produtiva, social e, principalmente, comportamental. Talvez nossa grande angústia seja querer dar um sentido lógico a essa coisa, que aprendemos a contruir baseados em categorias, em caixas. E talvez tenhamos que reaprender, como diz uma frase anônima de um muro em Santa Teresa, que adoro, que 'o sentido não tem direção'.
    Aceita meu abraço?

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  3. A categoria não exite. Existe o que te faz se sentir uma pessoa melhor. Eu sempre te darei meu abraço. sempre. E escrevo estas palavras, humildemente, porque sinto a mesma coisa. E, embora compreenda, colocá-las em prática é ouuuutra estória. Vamos lá. A gente segue. A vida segue, a consciência permanece. beijos!!!

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  4. Recebi com gratidão e muito respeito dessas mulheres admiráveis, todos os abraços, híbridos e aprendizes dessa nova era. Obrigada amigas!

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