Histórias de gente: grande, pequena, no setting terapêutico, no bar, gente amiga, gente distante, real e virtual. Reais, místicas, lendárias, sóbrias e outras nem tanto. Escritas na areia e outras tatuadas no corpo, de gente que viaja, que pula no abismo e outras de opressão. Histórias de contos de fada, de fadas que contam, para dormir, na hora de acordar. De gente que sangra, que ri e de gente que se foi... histórias contadas por uma psicóloga e intituladas pelo seu filho como:”Uma vez era...”
Tomando algumas geladas cuasamigas, entre versos e protestos
sobre o mundo masculino, uma delas me solta a seguinte sentença estrondosa e
hilariante: “OLHA, PAU DE CORRENTEZA EU NÃO QUERO MAIS!!! CHEGA DE PAU DE
CORRENTEZA NA MINHA VIDA!!!”
Pau de quem??? Quêeeeee? C.A.R.A.L.E.O. What´s porra is
that???
Eu nunca, grife-se, eu nunca tinha ouvido falar essa frase, esta expressão.
Aliás eu não, todas nós na mesa do bar. E eu fiquei com a frase dela ecoando na
cabeça: “Pau de correnteza nunca maissssssss”.
O que seria isso? Ai. Meu. Deus. O que seria esse ser
denominado “PAU DE CORRENTEZA”? Eu deduzi, imaginei mas queria saber mais. Que
descoberta incrível aos 40 anos!
O tema da mesa de bar passou a ter apenas um foco: O PAU DE
CORRENTEZA. Queríamos, todas, saber mais sobre as características e o comportamento
de um pau de correnteza ou “do pau de correnteza”.
O que é para uma mulher (ou um homem), ter um pau de correnteza
na sua vida?
Bem, senão vejamos, “é como ter um nada” ou melhor, um pau
apenas, na sua correnteza.
E ela prosseguiu. O pau de correnteza é como ter um ser “ao
seu lado” (muitíssimo entre aspas, porque ele fica só figurando), “que se
encosta e fica” (caraí ela encenou a situação, fez de conta que era um pau de
correnteza encostando-se sorrateiramente e encaixando devagarzinho e quietinho em meu ombro e depois ficando imóvel, e eu, eu, logo eu que tenho uma
mente putamente fértil, fiquei imaginando a cena e rindo horrores com o
depoimento dela). E ela ainda finalizou: entendeu amiga???
Que papo doido e engraçado! Eu ri até chorar, lógico. Mas continuando sobre o pau de correnteza,
por não ter uma função, uma atribuição própria, o pau de correnteza atravanca o
fluxo das suas águas.
Este “ser existente” não só não soma, como faz marola contra
o fluxo, ou seja, atrapalha pacarai. Ele propicia o acúmulo de lixos e dejetos
que descem rio abaixo. Ele ocupa espaço indevidamente, te intoxica, atravanca os seus caminhos, interferindo na
fluidez da sua vida. Ele incomoda mas parece não estar nem aí pra isso. Sem o
menor pudor (um pau totalmente despudorado e profano), se sentindo, sem sentido
e sem dar o menor sentido a sua existência, cola em você.
E, essa mesma amiga, inspiradérrima por sinal, como sempre, finaliza com
um post que ela leu em algum lugar: “E quer saber, agora o meu status é
carreira solo com algumas participações especiais!”
A.D.O.R.E.I!!! Qualquer
semelhança não é mera coincidência.
Enquanto a nossa dupla amorosa não nos encontra (sim, porque
somos um achado né?), o status acima é infinitamente melhor do que ter ao lado
um pau de correnteza!
Por um mundo com menos pau de correnteza e mais participações
especiais!!!
Bruxas, travessuras, gostosuras, fogueiras e revolução...
Estava
pensativa fazendo musculação logo cedo na academia e um professor (figuraça) me
abordou e disse com um sorriso: PARABÉNS PELO SEU DIA!!! De pensativa passei à
reflexiva e desta para intrigada. Acho que vários pontos de interrogação
saltaram dos meus olhos. Ai. Cacete! Ando tão distraída... Que dia é mesmo
hoje??? Vejamos, dei uma vasculhada no arquivo da mente, dia das mães? Não! Dia
da mulher? Já passou! Dia do psicólogo? Foi em agosto. Ai, meu aniversário? Mês
que vem, não, não, não! Que dia é mesmo hoje? Nos meus arquivos nada conferia
com algum dia que fosse digno de um parabéns... Perguntei levantando as
sobrancelhas de lado: “Pelo que mesmo hein???”. E ele engraçadinho e realizado,
um cara um tanto burlesco, disse: FELIZ DIA DAS BRUXAS!!!
Puta que o pariu!!! Como podia ter esquecido? Que elogio! Dia das bruxas né
menino? Hoje então é comemorada a festa pagã, conhecida internacionalmente por
Halloween. Na versão original não tinha relação com as bruxas, mas os
significados foram se mesclando, atualizando e hoje tem basicamente duas
origens. A origem pagã do povo celta, que tinha como objetivo prestar uma homenagem aos
mortos. Para os celtas, o lugar dos
mortos era um lugar de plenitude, aquela dita felicidade perfeita, onde não
haveria fome nem dor. E, a versão cristã, chamada All Hallow’s Eve (Vigília de Todos os Santos), que começava
no dia 31 de outubro e ia até 1º de novembro, até ser denominada atualmente de "Halloween".
A atual celebração da festa de Halloween, pode ser
identificada com características de folclore acerca da bruxaria. Fantasias de
bruxas, adereços vinculados à morte, monstros, abóboras, fantasmas, esqueletos,
aliás, todos os nossos fantasmas e as fantasias que povoam as nossas mentes
foram acrescidos à ornamentação da festa.
E como tudo se atualiza a se mistura como podemos ver na
história do “Dia das Bruxas”, ao invés de bater de porta em porta dizendo “trick
or treat?” (travessuras ou gostosuras?), para ganhar doces e balas em troca de
nada aprontar contra meus vizinhos, estava
eu então pensando em sair às ruas hoje a noite, com aquele vestidinho preto
básico e sexy e um chapéu de bruxa, exigindo cervejas e petiscos e, em caso de
não receber, farei travessuras. O que acham? Rsrsrs.
Ah mulheres... Então, voltemos às bruxas. E as bruxas?
Apesar da expressão “Dia das Bruxas” ter sido adotada como
uma tradução do Halloween, há uma ligação com a feitiçaria que ganhou força na
Europa na Idade Média. Nesta época, as mulheres que colocavam em prática sua
sensibilidade, sabedoria e intuição (e diga-se de passagem os livros "perigosos"), através de soluções alternativas para
todos os males, pelo bem da sua comunidade, eram tidas como praticantes de “magia”
e, foram intensa e violentamente perseguidas e lançadas nas fogueiras. Já no
século XX, a expressão "caça-às-bruxas" adquire uma expressão
política, em que os EUA perseguiam
toda e qualquer pessoa que julgassem ser comunista.
Que mulher nunca lançou mão das suas “magias”?
Que mulher
nunca desejou uma ideologia política que promovesse uma sociedade igualitária?
Que mulher nunca curou a dor de um filho com seus mágicos beijinhos?
Que mulher
nunca enfeitiçou um homem (ou outra mulher) com poderes misteriosos, os quais
ele (ou ela) jamais compreendeu?
Que mulher nunca usou as suas habilidades e forças ocultas para
conquistar algo que a desafie por trás do fogo?
Que mulher nunca colocou a sua vassoura no nariz de outra bruxa para mostrar o seu poder à concorrência?
Que mulher não
dá sempre à sua vida aquele toque mágico, especial, ininteligível para se fazer
insubstituível em cada ato da sua existência?
Que mulher não possui mil faces e
fases secretas para revolucionar o mundo?
Que mulher não desafia a razão o
tempo inteiro?
Que mulher não é uma bruxa desde a hora que abre os olhos ao
amanhecer até a hora de dar tchau com os seus cílios ao cair da noite?
Feliz “Dia das Bruxas” mulherada”!!! E viva a magia de ser
mulher!
Sons imprecisos, história sem definição, sem acordos ou acordes harmônicos, acordo
sobressaltada na madrugada, pensamentos cortantes, chocantes, vibrantes, memórias atravessadas, estilhaços de sentimentos, afetos que me afetaram, amores,
escritores, professores, sonhadores, dilacerados, raros, aflitos, infinitos,
partidos, rendidos, fundidos, fodidos, delitos, retalhados, maculados, escondidos, segregados, escritos, não ditos. Lutas internas e externas. Silêncio...
Olho tudo pelo retrovisor, torpor, acelero, sigo em frente,
será? Antoine disse em Pequeno Príncipe que “quando a gente anda sempre pra
frente, não pode mesmo ir longe...”. Ordem e progresso é o cacete!!! Pra quem é
a ordem e onde está o progresso??? Ou pra que é a ordem e pra quem seria o progresso??? Trânsito intenso, fechada de ônibus,
interdição, perpétua ou temporária, não importa, pior é admitir que o que nos
governa, aplica a pena aflitiva da sua ausência. Desgovernos, desserviços,
omissos. Sinais fechados, profanação, resignação, palpitação, exoneração...
Professores, tambores, rumores, vejam os ditadores!!! Bombas
de gás, de efeito “moral”, balas de borracha atiradas, sem candura, ditadura,
tragédia política lamentável no cenário atual. É sob o banal, o bestial cotidiano
humano, em meio a tanto engano, que as nossas crianças se desenvolvem.
Violência parece o certo, soberana, e o deserto?
No deserto “(...) não se vê nada. Não se escuta nada. E no
entanto, no silêncio, alguma coisa irradia... O que torna belo o deserto é que
ele esconde um poço nalgum lugar.”
Procuremos por mais poços!
Paro, resfolego e olho para nossa humanidade, mundanidade e
bestialidade. Ainda não vejo poços, mas estamos no caminho, acho. A beleza está
onde ainda não se vê.
Mas, como ressaltou o mestre das crianças Saint-Exupéry “Quando
o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais
absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em
perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta.” E, foda-se, escrevamos uma nova história,
antes que o silêncio seja feito e efeito da ausência de voz em nossas gargantas, este
com grifo da autora. E pra quem tem sede do que ainda importa... é bom molhar a
garganta.
Vento forte é sinal de mudança, ventania então
é pra deixar tudo de pernas pro ar. E deixa mesmo. Fosse calmo as nuvens não
traziam chuva e depois dessa, o sol não chegaria. Precisa de vento, muito
vento… Hoje pela manhã foi assim. O tempo virou no início da semana, mas só hoje
é que as mudanças ocorreram e junto com elas, silêncio no tribunal. A vida
precisa disso, um pouco de mentira, de cinismo, de coisas fora de ritmo e lugar, e
assim, talvez eu entenda alguns discursos e leia alguns acontecimentos, talvez,
ainda não sei, preciso ouvir o eco do meu silêncio.
Aí lembrei que a primavera chegou, quase bela,
trazendo às vitrines, às ruas, vestidinhos de princesas, coloridos, floridos,
estampados e o sonho da estação das flores, com o desejo que tudo floresça e
pareça tão lindo quanto esta época. Mas,
como tudo na vida, tem a parte II. Então vejamos, que merda nos aguarda nessa
reflexão de primavera, princesas e pelejas?
Essa síndrome de princesa, a necessidade de
que a vida imite os contos de fadas, já virou na verdade um transtorno na vida
de cada um de nós, homens e mulheres, mortais, já que não somos deuses, nem
semi-deuses e não cabemos em contos de fadas, se é que eles ainda cabem em nós.
Ainda bem que não, acho!!! Eles são tão pequenos e insuficientes diante da
complexidade de nossas demandas afetivas, emocionais, psicológicas, sexuais! Como
realizar tamanha incompletude???
“Bela, acorda!!!” Acordei com esse vento, berros e um chute na bunda do
meu inconsciente, que continuou: “abra a porta, um novo momento se abre diante
de nós, você precisa escrever sobre isso!”. Eu juro que tento escrever de forma séria para elevar o assunto e falho sempre, miseravelmente. Bela e às vezes fera, quando necessário,
adormecida, quase nunca. O fluxo da conversa
seguiu, num papo descontraído, com a conclusão de que o complexo de cinderela já era, fora atualizado pela história do filme "Uma linda mulher". Gata borralheira jamais, seja uma gata na esteira. Rapunzel presa na torre só pode ser uma piada de mau gosto. E as tranças viraram cordas que a levaram à escaladas bem mais radicais. A mulherada de hoje é adepta mesmo da prática de rapel. E a Rapunzel? Se estrepou ou teria sido o príncipe que... Bem, dizem que ela pegou piolho, cortou as madeixas e trocou o príncipe por uma mulher. Com o que sobrou das tranças, o príncipe que era "encantado" virou um transviado. Ou um viado? Não se sabe ao certo...
Oi???? E onde estão todos os princípes, os sapos, os beijos que
acordam as princesas da Disney, os contos de fadas, as fodas que contam, ops???
Está na hora da menina dos sapatinhos
vermelhos desfilar linda como um diabo que veste Prada. Branca de neve é o
caralho! Seja mesmo a branca (ou preta ou índia ou cabocla) de verve!!!!
Foda-se, não importa a cor. Dormir com sete anões, nem pensar!!! Com um já
seria bizarro!!! Demilivre… A mulher de verve (e não de neve que se derrete
toda) é uma entusiasta com a vida. É a mulher que usa o seu potencial de falar,
pra fazer e escrever de forma espirituosa, inteligente, criativa e com senso de
humor. O bom é ser a mulher maravilha, maravilhosa, elástica, que com toda a
sua vitalidade e plasticidade, usa a sua flexibilidade e inspiração pra ser
feliz e melhorar o mundo! Princesas de contos de fadas, não contam as fodas,
principalmente as ruins… Então como vamos aprender com elas? Elas tem sina e
destino, tudo prontinho! Pessoas reais tem vida e menos um pino!!! Tudo a ser
construído de maneira singular, sem formas e fôrmas…
As princesas encantadas ficam a espera ou em
função de um “princípe”, que a salvará pra todo e sempre do mal, elas costumam
ser pegajosas, piegas, mansas e bem suaves
quando se trata de conseguir o que querem e vivem perguntando: “o que você quer
que eu queira pra eu querer também?”. Que coisa mais flagelada e pollyannamente
babaca!!! E as outras? As outras são as tais “mulheres malucas”, “instáveis”,
“verdadeiras feras”, com pouca doçura (às vezes) e cabelos nas ventas (muitos),
diante das insanidades do seu par, da proteção da cria e das injustiças do
mundo.
Pois é, talvez seja perigoso ser gente de
verdade. Ter que decidir por si e não colocar a vida na mão do outro, decidir
pelos perigosos talvezes… E de quebra, suportar os reveses que a vida nos
reserva. Dúvida, tormento, medo, é pra quem arrisca, morde a isca, ousa e
petisca. É pros loucos!!! Aos medíocres, um brinde às “certezas” e às
convicções afetivas, políticas, de
tempo, de espaço, de vida, que observa e
aguarda sobre a mesa, o prato pronto, imóvel, estático, equilibrado,
fado, parco, porco, enfadado.
Os especialistas no comportamento humano e,
dizem que estou entre eles, afirmam que as duas maiores necessidades do ser
humano são: segurança e variedade. Putz, estamos lascados então, porque uma
desqualifica ou praticamente invalida a outra. Se precisamos da certeza, da
segurança, por que então sairíamos em busca de variedade? E se, estamos vivendo
a procura do baleiro sortido pra pegar “a bala mais gostosa do planeta”, por
que sentimos a falta do porto seguro? Bicho, ser humano é muito doido e os
especialistas são seres humanos, produzidos por toda essa loucura também. Então,
ninguém sabe o que diz...
“Já quis ser freira, e também puta”, é o que
ouço de mulheres (e do meu próprio inconsciente) que, cansadas pela busca do
equilíbrio, desejam a aposentadoria total das relações amorosas, simbolizada
pelo celibato, casto ou, num corte oposto ao caminho do meio, a entrega a uma
vida de luxúria e desejos profanos, o sexo pelo sexo, pelo prazer, por uma vida
mais selvagem, ou, na hipótese mais capitalista lucrativa, o sexo pelo
sustento, pela “boa” vida, inclusive modalidade bastante praticada também pelas
mulheres casadas ou com um “único” parceiro.
Já no mundo masculino tenho ouvido que as
mulheres “não querem nada”, “muito masculinizadas”, “elas estão se comportando
que nem homens”, eles dizem. É, tudo bem, queimamos sutiã, brigamos por
direitos equitativos, iguais jamais!!!! Não somos iguais aos homens e nem
deveríamos pretender ser né mulherada??? A equidade começa no respeito às
diferenças.
Do romantismo à putaria, as coisas seguem de
forma bem bipolar por aí. Coisa de gente, acho. Muitos começam românticos na
primeira parte da história, mas depois ouvimos a música completa, da Rosinha,
parte I e II: ♩♫♪“Vou construir minha casinha, lá no alto do serrado, mas eu só
levo a Rosinha, depois de tudo acabado.” Ai. Meu. Deus. Tudo tão lindo e primoroso, mas lá
vem a segunda parte, como tudo na vida, e a música continua: ♩♫♪“Aí eu vendo essa
meeeeerda, e encho o cú de dinheeeeeiro, e a Rosinha que se fôoooooda, eu vou
morar num puteeeeeiro.”
Ahhhhhh merda, quanto desencontro!!!! Então,
se amar é um talvez perigoso na decisão da entrega, ser amado é missão
perigosamente duvidosa, já que depende também da entrega do outro. Aquele
ditado nas negociações de que “tudo que é combinado não sai caro” deveria valer
também pro amor né? Quanto disparate! Queremos tudo e nada, isto e aquilo, ser ímpar e par, singular e plural!!! Não é "ou isto" "ou aquilo". É isto e aquilo, piramos, ficamos atordoados! Não sabemos o que queremos e, quando achamos que sabemos, a vida muda o nosso desejo.
Pior ainda quando você não pretendia ou não quis
entregar nada e saiu da história furtada de todas as suas vontades. Como, sem a
nossa autorização, o outro pode nos tirar o sono, nos levar o apetite, assaltar
a nossa paz e sequestrar o nosso coração dessa forma?
Puta que o pariu vida!!! Ora somos mendigos
esfomeados com a mão estendida, ora somos a mão que doa e que ergue. Ora somos
assaltados de nós mesmos, outras vezes, bandidos atormentados roubando a paz e
a lucidez alheia, mas, quase sempre, perturbados
pela falta que nos move ou pelas sobras que
nos entediam a cada dia.
Princesas, pelejas e...Hey!!! Desce mais umas cervejas!
Hey, a vida prega peças mesmo. Tenho uma história pra contar
de uma super querida, mas que poderia dizer que é a história nossa de cada dia
na interseção do mundo real com o virtual. Cometi um ato falho. Aliás
super falho. Sempre faço essas merdas!!! Que falta meu conjunto de parafusos
completo faz... Segundo Freud, o ato
falho não representa um erro, um equívoco, uma falha comum, há algo, um
significado mais profundo que precisa ser analisado. E quer saber, da minha
parte, há mesmo! É como trocar o nome do marido pelo do amante. Tem um
significado singular ou não tem???
Bem, melhor eu contar o caso. Ela baixou um aplicativo que
permite que, em um raio de 500 metros, todas as pessoas que estão conectadas ao
Facebook possam aparecer em sua telinha do celular e, caso ela “curta” a pessoa
e ocorra a reciprocidade na curtição, uma tela se abre para que eles possam
conversar. Apareceram conversas com gogoboys até caras que já iniciaram o
bate-papo perguntando se ela fumava maconha. Ué, o que importa é apresentar o
seu currículo e saber o do outro pra achar a tal cara metade que, juntando com
a outra se tornaria então uma cara-de-pau inteira, com ou sem maconha, com ou sem
dançarinos de sunguinha (pequenas e apertadas) no novo cenário da sua vida. Ok,
sem moralismos babacas!!! Tem muita gente falando a "verdade" sobre si mas também alguns contadores de histórias, ou melhor, estórias. Conheci um ao vivo e a cores e que também tinha um "currículo" no site de relacionamentos "Par Perfeito". Figura única! Lá ele dizia ganhar mais que um promotor de justiça e na vida real era aquele cara tipicamente alérgico ao trabalho, acordava já mergulhado num balde de maconha e não sabia o que era trabalho fazia bastante tempo, apesar de se dizer empresário. Coisas da vida, ou melhor, da era virtual. Tem gente com foto no perfil fazendo quadradinho de oito e que diz ler Foucault... Bicho não dá, fica feio forçar a barra assim, faz isso não!!! Aliás que bicho daria se isso fosse possível? Tem coisas que são como água e óleo, não se misturam, quadradinho de oito e Foucault é uma delas.
Não acredito em posições radicais e isoladas, mas alguma coerência e razoabilidade ajuda a dar crédito aos pretendentes virtuais. Aliás,
gosto muito de variar tudo, posições, papéis, opiniões e é claro,
contextualizá-las rsrsrs. Se por um lado
as ferramentas digitais, as redes sociais, virtuais, aplicativos, sites,
programas de relacionamento e blablabla são facilitadoras para aprofundar a
conversa e permitir encontrar afinidades, por outro deixou a desejar no
encontro do olhar, no gosto do beijo, no cheiro da alma, na proximidade do
contato e do abraço profundo, aquele que sentimos o coração do outro bater
junto com o nosso. E andar de mãos dadas (e suadas de nervoso), comer pipoca no
cinema fazendo barulho, ficar com vergonha e ruborizar, rir juntos ou atrasados
da mesma piada??? Tem preço não! É lindo demais!!!
Em algum momento, fiz uma intervenção que dizia a ela algo
do tipo: “então me preocupa você viver grande parte da vida atrás das celas do
computador e do celular”. Celas???? Eu disse celas!!! Sim, celas são prisões e
isso é privação de liberdade. Tudo que priva a nossa liberdade nos captura, nos
reduz, nos limita e é claro, afeta o mundo de possibilidades que poderíamos
viver, ver, escolher, sentir...
Enquanto estamos vidrados na celinha, ops, na telinha, a
vida passa a nossa frente e não sentimos, não vemos a presença do outro, nos
perdemos do real e ficamos imersos, mergulhados no mundo da imaginação, vivendo
mundos que desejamos estar, toques que queremos sentir, degustando desejos que
nos fazem salivar, viagens que sonhamos fazer e querendo ser amados por um ser
imagético que ao nosso lado não está. E se, perguntei a ela, no momento que
você está obcecada na telinha, o amor da sua vida passasse ao seu lado e você
nem o (re)conhecesse, ou melhor, nem se desse a chance de conhecê-lo???
Provoquei: a sua obstinação por conhecer alguém pelas ferramentas virtuais não
poderia cegá-la para o mundo real???
A porra do “E SE” sempre espreitando a nossa vida...
Quando as reflexões já davam loopings na minha cabeça e
antes que essas manobras acrobáticas de pensamentos detonassem por completo o
meu cérebro, achei rapidamente um papel e caneta pra escrever esses fragmentos dilacerantes que inundavam a minha
mente. Beleza, me salvei, vou elaborar, cheguei em casa, vou escrever assim que,
depois de encher o filhote de beijos, ele adormecer. Meu filho (de 7 anos) então, pede o celular emprestado e ao olhar
para a telinha do celular vidrado diz: “coitadinho de você Pou, eu estava lá
fora, no mundo sabe, vivendo?” É, vocês não sabem, mas o Pou é um serzinho que
parece um cocozinho, que toma banho, que tem sentimentos, que cresce, que troca
de roupas, que fica na moda, que come, enfim... Tipo um tamagotchi, se é que isso ainda
existe. É um ser “de verdade”, capitalístico e vivente como cada um de nós,
acho.
Puta que o pariu, eu pirei!!! Como assim??? Meu filho, tem
uma porra qualquer feia pra caraleeeeô com cara de cocô dentro do celular, do meu
celular, que ele estima e cuida, como se
um bichinho de estimação fosse e que, ele se justifica pela ausência pois “estava
lá fora, no mundo sabe, vivendo????????”. E o pior, me tornei avó de um ser virtual, sem saber, e nem simpatizei com ele.
Pára essa merda que eu quero descer. Ficou tudo esquisito!!!
As pessoas passam mais tempo na frente das “celas”, ops, das telas, teclando,
se comunicando, trabalhando, se divertindo, "namorando", se conhecendo, do que de
fato se experimentando, se ouvindo, se acariciando, se olhando, se energizando
de contato, se saciando de beijos, trocando o magnetismo das almas, sentindo
coração com coração.
Nada nada nada, nunca nunca nunca e, ainda bem, vai
substituir o brilho de um olhar, a doçura de um sorriso, um cheiro gostoso, um
beijo saboroso, um abraço intenso, um amor imenso, um sexo envolvente, a
presença da gente!
Que assim seja, com menos celas, teclas e telas. Mais
coragem, paisagem e calibragem, de cenas reais é claro!!! As reflexões de Deleuze nos ajudam a conduzir novos movimentos, traçando o vir-a-ser do futuro, através de ações revolucionárias, linhas de fuga, espaços de novos respiros, ares, lugares, em busca de novos sentidos e paisagens. Eis a revolução!!! Quais são suas linhas de fuga, das celas, das normas, do vigente, dos padrões? Eu quero "medianeras" (veja abaixo o significado), e você???
E pra quem é cinéfilo como eu, a minha dica pra
aprofundar a reflexão vai pro filme “Medianeras”. No Brasil o título ficou
conhecido como: “Medianeras: Buenos
Aires na era do amor virtual”.
Já
assisti 3 vezes. É um belo filme argentino que questiona e problematiza, de
forma bastante inteligente, a cultura virtual dos relacionamentos e mergulha no
tema solidão e todas as facetas das suas linhas de fuga. Pra quem não sabe, medianeras é o nome
dado a aberturas ilegais de janelas nos edifícios, também chamadas de paredes
cegas. Na Argentina é proibido por lei
abrir janelas laterais, mas as pessoas descumprem a ordem, em busca de mais
claridade, um apartamento mais arejado, em suma, de uma melhor qualidade de
vida.
Essa é a grande sacada e ponte que
o filme faz com a vida. Vale muito a pena assistir!!! A obra recebeu os prêmios
de melhor filme estrangeiro e melhor diretor no Festival de Gramado de 2011. Espero que
aproveitem!!!
Hoje
eu acordei com vontade que a vida me dissesse o que eu terei vontade
de fazer. E tem sido quase sempre assim. Faço planos sobre o trabalho,
cursos que quero fazer, viagens, programações de lazer, orçamento,
reforma da casa, mas sobre o coração, não mais...
Em minhas explorações pela estrada afora, tenho aprendido muito, às vezes em par, muitas outras
em carreira solo, o quanto o amor não tem fórmula, não tem planos, não
tem metas, nem explicação e tampouco desafios, o amor simplesmente é, está
lá, para ser sentido e vivido doce e livremente.
Não sei se vocês conhecem a origem do dia dos namorados, mas vale a pena
recuperar o finalzinho da Idade Média, quando o bispo Valentim lutou
contra as ordens expressas do imperador Claudio II, que havia proibido o
casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores
combatentes. Será? Talvez né, os solteiros estão na pista pra "negócio" e conseguem tocar a vida sem bengalas, usufruindo apenas da sua própria companhia
kkkkk. Bem, porém, além de continuar celebrando casamentos, ele se casou
secretamente, apesar da proibição do imperador. Logo foi descoberto,
preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, as pessoas militaram
pela causa do amor, enviando à Valentim flores e bilhetes dizendo que
ainda acreditavam no amor. Ao aguardar confinado o cumprimento da sua
pena de morte, Valentim, como sempre desobediente às regras (ainda bem),
se apaixonou pela filha cega de um carcereiro (olha a não exigência da
perfeição do amor) e, milagrosamente (coisas do amor), ela voltou a
enxergar, talvez para conseguir ler a mensagem que ele lhe deixaria
(grifo da autora, eu). Antes de ser executado, Valentim escreveu um bilhete
de amor para ela, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “De seu
Valentim”. Esse momento comemorativo resgatando o valor do amor foi
importado por nós, porém com uma pequena mudança, comemoramos o dia dos
namorados em 12 de junho (ao invés de 14 de fevereiro, o primeiro Valentine´s Day) por ser véspera
do dia de Santo Antônio, o tal santo português que tem fama de santo
casamenteiro.
Pois é, vez por outra, eu e minhas amigas, de forma gaiata e
despretensiosa, pra falar a verdade, escrotamente, ficamos analisando os
casais que vemos por aí e o quanto cruelmente achamos, com a nossa
cabeça de abóbora, que eles "descombinam". Ah olha aquele cara lindo,
sarado e bacana com a gordona na praia, que depois de tomar uma banda com
as ondas que vem em vão, arruma o biquininho pagando peitinho, comendo
areia como se fosse paçoca e é claro, transbordando todo o seu bacon para
muito além do seu figurino. Na boa véi, eu não conheço o inferno, mas
acho que essa deve ser uma das visões ou perspectivas de lá. Caraí, o
que aquele homem viu naquela mulher??? Perguntamos com aquela pontinha (na
verdade pontona) de inveja!!!
E quando vemos aquela bela com uma fera? Ela linda, inteligente,
assertiva, com covinhas pra lá de sensuais que acabam de desenhar o seu
lindo sorriso, com aquele ogro, barrigudo, grosseiro, que a trata como
se ela fosse um esboço de nada e mesmo assim, ela faz tudo por ele,
prioriza estar com ele, paga uma hiper paixãozona dizendo eu te amo,
você é tudo pra mim, até flores ela envia pro sujeito, enquanto ele mal consegue dizer que gosta da
companhia dela. Ele troca tranquilamente um jantarzinho íntimo que ela
preparou (e o espera vestida com uma lingerie very very a lot sexy) para tomar cerveja até cair com os coleguinhas que ele mal tem
intimidade do trabalho. Arf!!! Vai entender sobre o amor, pois é,
ninguém entende, é por isso que se chama AMOR!!! Porque não é racional,
não tem fórmula e nem explicação. Ué, o valente militante Valentim não se
apaixonou pela ceguinha, filha do carcereiro dele? Pois é, o amor é assim...
Se fosse porque a pessoa é o máximo em algum aspecto ou todos, seria
somente admiração. Podemos admirar muito alguém e no entanto, não amar.
Se fosse porque o outro tem uma química incrível com você na cama,
seria tesão. E vamos combinar, dá perfeitamente para ir para a cama, ter
uma ou várias noites incríveis, sem amar a pessoa. Se fosse porque o
outro te entende, te apoia e te aceita do jeitinho que você é, seria
exclusivamente amizade. Pois é, temos muitos amigos e amigas que amamos
muito fraternalmente (profundamente e pra sempre) e que, nem por isso,
se transforma numa história de amor afetiva-sexual. Se fosse porque
vocês conversam por horas a fio, curtem muita coisa em comum e adoram
estar juntos seria uma grande identificação. Nos identificamos
pracaralho nessa vida com muitas pessoas que não passam a ser o nosso
par amado. Enfim, é claro que essas questões podem estar contidas em
pessoas que se amam, mas se pararmos para pensar, nem sempre... Aliás,
muitas vezes não. As qualidades ou vantagens acima não são condições sine qua non para se viver um GRANDE AMOR.
É por essas e outras nas minhas desvairadas andanças que há muito não
quero porra de fórmula de amor nenhuma. Torço para não encontrar (ao
contrário da música do Léo Jaime) a fórmula do amor. Quero ser amada
pelo meu jeito torto, pelas minhas insensatezes, cegueiras, por minhas
chatices e imperfeições, pelos meus momentos difíceis, pelas minhas
batatadas, bolas fora e tudo que me torna humana e imperfeita e que, por
isso mesmo, me fazem ser amada por alguém de um jeito singular. É lógico, diga-se de
passagem, que tenho muitas outras coisas para oferecer (as minhas
covinhas são lindas, é o que diz um amigo meu kkkkk), mas o bônus será
somente pra quem se encarregar do sombrio ônus. Ah o amor!!!
Podem reparar, quando amamos e/ou somos amados por alguém, podemos ouvir
as mais descabidas descrições: "adoro o jeitinho que ela mexe com o
cabelo e faz os dedinhos dançarem enquanto fala" (e o pior, foda-se pro
conteúdo do que ela fala, a forma que fala é linda), "amo o jeito com
que ele esfrega as pernas na cama quando acorda como se fosse um boneco
deitado na neve" (foda-se se ele tem o corpo sarado e lindo nu ou não, o
que importa é o que aquele corpo faz em váaaaarios sentidos), "gosto do
jeito que ela pede apontando freneticamente pro copo pra completar a
cerveja" (outro foda-se pra saber se ela está bêbada falando um monte de merda),
"gosto do jeito bronquinha dele quando está com raiva" (mesmo que ele
tenha estragado o programa de vocês com a chatice dele).
Enfim, eu
poderia ficar descrevendo inúmeros absurdos de casais que quando vivem o amor, quando descrevem o outro, colocam uma pitada de pirlipimpim
em alguma coisa totalmente ordinária aos olhos de qualquer um. Mas sabe o
que eles veem? O extraordinário no outro. E vamos combinar, essa porra
só pode ser o tal do amor. Na verdade, para além daqueles que tem
admiração, amizade, identificação, química, não sabem dizer o "porque"
amam alguém, simplesmente amam e simsimsalabim ponto, entendeu (você com
certeza não) ou quer que eu desenhe?
Então mando a fórmula do amor para a puta que o pariu. Não quero mais
ficar fazendo balanço de porra nenhuma, onde foi que eu errei, o que é
que eu fiz a menos ou a mais, o que tem de defeituoso em mim... Quero o
amor livre, leve, inusitado, imperfeito e inexplicável, do jeitinho que eu acho que
ele é! Quero ser amada pelo que sou! E vamos combinar, isso só se
descobre com o exercício da autoaceitação, do autoamor, isso é
autoestima e nisso, acho que estou virando Phd.
Um brinde aos valentes, que amam sem saber o porque e ainda acreditam no amor! Porque quando se ama alguém não serve outra pessoa, é aquela e somente aquela, que é insubstituível pra fazer casa em seus braços, morar no seu peito, dormir na sua cama e habitar os seus devaneios.
O que é timing? Talvez você, pessoa amiga leitora com saco
pra ler o meu blog, esteja se perguntando o motivo da utilização de um termo em
inglês. Não, não é nenhum culto à língua estrangeira, não, não é uma apologia à
americanização da nossa língua...
Vamos aportuguesar essa merda, odeio essa história de ficar
escrevendo e reproduzindo os padrões da cultura americana, mas tenho que
admitir que o termo “timing” envolve ziguilhões de significados em uma única
palavra, coisa que dificilmente conseguimos em nossa rica língua portuguesa.
Então, resolvi traduzir da minha própria cabeça de paçoca, que esfarela em mil
e um pedacinhos de tanto pensar: TIMING = TAIMIM = TÁIMIM = TÁ EM MIM = ESTÁ EM
MIM = É O MOMENTO QUE ESTÁ EM MIM = ESTÁ
COMIGO = MOMENTO QUE ME SINTO UMA PESSOA PLENA!!!
É o tempo oportuno, o momento mágico, a hora “perfeita” para
algo, alguém ou alguma coisa acontecer...
Tempo, oportunidade, magia, encantamento, espontaneidade, "borboletas no estômago", olhos brilhando, pele arrepiada, coração vibrando,
mente no compasso do momento... Isso é o timing!!!! Esse é o timing e é muito
fácil identificar...
É o momento que tudo faz sentido e pode ser sentido
inteiramente em seu íntimo na relação com o outro... com o mundo... com a
vida... com as coisas.
É o presente
majestoso, é a ocasião aproveitada que quase parece uma coincidência, tipo “coisa
do destino”, que com o seu toque de fantasia, faz iluminar aquele momento para
que tudo brilhe e resplandeça em um encaixe “perfeito”.
No mundo da fotografia, é aquele clique que não pode ser dado nem um pouquinho antes e nem um décimo de segundo depois, mas sim quando aqueles pés saem do chão num pulo vibrante e, o
fotógrafo caça-timing consegue capturar aquele momento no ar e clica!!! Bela
foto que irá se eternizar no tempo cronológico.
Timing é quase o tempo emocional das coisas, a alma do tempo
e o tempo materializado em sua melhor performance. Pra mim isso é timing! Está
em mim, está comigo, eu posso sentir aquele momento inteiramente. Às vezes fica
ali por um instante apenas! É aquela roçada no nariz sem querer e que aproxima
o beijo num magnetismo inexplicável, aquele olhar que diz tudo que vai
acontecer nas próximas horas, dias e anos... Às vezes precisamos esperar algum
tempo pelo melhor timing, a maior abertura, para que, quando o portal entre a
terra e o inexplicável abrir, o inesperado magicamente possa acontecer.
É aquele filho que chegou inesperadamente e que você recebeu
de braços abertos porque sabia que ele mudaria sua vida pra melhor e pra sempre. É aquela viagem que finalmente você vai fazer no seu momento mais bacana, aquele sorriso que recebeu na hora mais apropriada, aquele abraço que
aconchegou seu coração no momento que você mais precisava, aquela grana que
caiu na sua conta como uma brisa num dia quente, aquele beijo surpreendente
quando você não esperava nada mais daquela noite...
O contrário disso, quando perde-se o timing, é quando você
investe naquele job, arranca o melhor do seu cérebro para a criação daquela
porra de ideia brilhante, mas... inoportunamente, perde o prazo e não consegue
o reconhecimento da sua produção. É quando o beijo perde o encanto, a espera se transforma em pranto, se desespera e perde a esperança, obviamente sem nenhum espanto. É aquela famosa história que já se transformou em dito popular e que deve ter origem em alguma placa de caminhão ou porta de banheiro: quando o cara não te dá assistência, você perde a paciência e ele a preferência. Abre-se então concorrência e você se valoriza com sapiência. Pois é, isso é tão bizarro mas tão realístico que é quase uma ciência comprovada rsrsrs...
Minha analista recuperou brilhantemente as sábias palavras de Lacan, psicanalista francês, a respeito da tripartição do nosso processo psíquico, quando o primeiro momento é o "instante de ver", o segundo é o "tempo de compreender" e o terceiro é o "momento de concluir". Traduzindo em miúdos na gíria popular carioca (e que Lacan não se contorça no túmulo com a minha reinterpretação): "Aê, se liga!", depois "beleza já é" e finalmente "partiu!". Já quando se perde o timing, o sujeito primeiramente fica "bolado" (momento de incompreensão), depois "vacila" (marca bobeira, faz merda) e finalmente "deu ruim" (perdeu, deu errado, fudeu, fracassou, o tempo fechou, a possibilidade não se concretizou).
É quando o casal
namooooooooooooooooora anos a fio e quando se abre os olhos, perdeu otimingdo casamento, da promessa de vida
a dois, o sonho dela mofou, a estrela dele se apagou e ela foge com o primeiro
lobo mau de bicicleta que passa (sim, não é princípe à cavalo e nem um
executivo bem sucedido by imported car). E rola o casório
depois de 6 meses de rompimento do clássico loooooongo namoro com o eunuco
anterior.
Aliás, o eunuco merece um destaque nesse post. Eunucos quase sempre perdem o timing... No sentido físico, eunuco são homens castrados, ou seja que
teve os testículos e/ou o pênis removidos. No sentido figurado, o termo é
usado para se referir aos homens “fracos”, sem iniciativa, “inútil”, impotente.
No sentido bíblico diz-se de homem pacífico e não necessariamente sábio, porque perde
o timing, já que costuma
desenvolver a pacificidade. Bem, depois desse parênteses sobre os eunucos, voltando... Aí, o lobo mau, cheio de atitude, sacou a importância do timing e estremeceu
as bases da mocinha de figurino " todo vermelho sangue" (do chapeuzinho à lingerie) e então ambos viveram o seu
momento de plenitude. Ele com a forte pegada e com muito apetite, disposto a ouvir
melhor, enxergá-la melhor e comê-la melhor (devido as suas respectivas orelhas
grandes, olhos bem abertos e desejo voraz) e ela querendo um "algo mais" em
todos os sentidos, tipo quero ser sua e bingo, o momento oportuno, inusitado
rolou pros dois.... Pois é, tudo tem o seu timing, o seu tempo de estar
inteiro, o momento que tudo faz sentido nos encontros da vida ou não...
Porran, sabe quando você se arruma toda e o cara perde o timing? O batom
começa a derreter, a maquiagem desbota, a roupa amassa e você já começa a ficar
com preguiça de sair, bate o soninho e a noite torna-se desinteressante porque
aquele cara que você esperava, se atrasa muuuuuuuuuito pra tomar uma atitude... As suas amigas
em qualquer bar por aí rindo escancaradamente ou um filminho com pipoca com o
seu filho na sua cama quentinha passam
a ser o encaixe muito mais que perfeito pra aquela noite do que aquela espera
vazia. Véio já era! De boa, perdeu o timing!Whatsapp? What´s up ou o que está pegando? Pois é, nada!!! Esse é o problema, falta pegaaaaaaaada, não tem nada me pegando de jeito. E você chega a conclusão que não vale nem mais a pena responder as investidas virtuais: "oieee", "tá aí?", "tá acordada?", "tá por onde?". Estou passeando pela puta que o pariu enquanto o seu lobo não vem... Faça-me um favor! Ou pega ou não alisa.
Outra bola fora do timing é quando cada um vive o seu luto pelo término do
relacionamento e depois das vidas refeitas e cada um no seu novo palco, alguma
parte tenta desenvolver seu potencial mediúnico falando com o (a) falecido (a),
encontrando gente morta e até “dormindo” com gente morta pra ver se é possível
ressuscitar alguma coisa viva nessa história. “I see dead people” já é foda, necrofilia
então nem se fala, é punk demais!!! Interagir com cadáver é complicado, você até
pode se excitar com a ideia mas morto não reage. Cadê a alma que se perdeu com o
timing de quando tudo ainda estava vivo? Ou espera o momento pra reencarnar ou
se toca que perdeu o timing.
Timing é o tempo mágico que as coisas acontecem, é o tempo
no sentido de oportunidade, pode ser que fique lá apenas alguns raros segundos, pode ser que
demore anos pra encantar mas tudo ainda precisa estar vivo. Quando perdemos o
timing, deixamos passar a oportunidade ou nos antecipamos à magia dos
acontecimentos... o encanto morre, desbota, sucumbe, é o famoso “fudeu de vez”.
Observe o timing da vida, se não está em você no seu momento
mais receptivo, não está inteiro em lugar algum, não se tornará pleno na sua
vida. Então deixa essa merda pra lá! A sua intuição (que costumo definir como
as coisas que sei mas que não faço a menor ideia de como sei), saberá identificar os “timings” poderosos da
sua vida, o que está em você plenamente em seu momento mais oportuno.
Tudo tem o seu tempo, cada coisa tem o seu momento e cada
pessoa tem a hora certa para acontecer na sua vida!!! Sincronicidade, senso de
oportunidade, intuição! E tenho dito, tem que ter o “táimim”!!! Só assim posso
estar inteira com os outros, em tudo. Lançar-se ou recuar, não importa o que
vai fazer, mas sim que seja no timing, que esteja em você! Ou "táimim"ou não está!
A vida. Aaaah a vida!!! Biurifou laifi, que ai
lovi tanto!!! Ela pode realmente ser surpreendente, aliás é claro que é! Rá! Desde
que você consiga tirar a venda uruquenta que recobre os seus perfeitos olhos.
Mandar as favas essa porra de antolhos é o que há de melhor. Sim meu povo,
antolhos, anteolhos ou ante-olhos é aquela coisa que se coloca no carão do
cavalo para limitar a sua visão e forçá-lo a olhar somente para a frente. Para
os lados, jamais! Isso é equivalente ao sentimento de liberdade. Na verdade não
basta a “carta de alforria” te libertando de algo ou alguém, é necessário
sentir a semente da alforria sendo gerada, nutrida e parida em nosso íntimo,
como um bebê que começa a se mexer e até chutar a barriga da mãe para dizer que
está ali e, em breve colocará sua carinha sorridente pra fora, à vida e ao
vivo. É preciso bancar a vida sem o seu senhor, aquilo ou alguém que submetia o
seu desejo.
Enquanto procurava um cartório hoje antes de
almoçar, passei por um novo restaurante, com o visual espetacular e um cheiro
bastante agradável, pra dizer a verdade, inebriante. Já estava preparada
psicologicamente para almoçar no meu “conhecidinho” , pequenininho, bastante
familiar e aprazível restaurante. Mas algo me disse: “por que não?”. O novo
restaurante parece bem interessante e, quem sabe a comida não é mais gostosa,
cheirosa, leve e até mais bacana que a “conhecidinha” comida com a qual você já estava “acostumadinha”?
Entrei boladona, apesar da fome. Comi, curti,
gostei. Aliás, gostei muuuuuito! Melhor ainda: me deliciei! Que apetite novo
foi despertado! Ao entrar vi que o espaço interno era muuuuito mais
aconchegante e agradável que o outro restaurante e, a comida, sem sombra de
dúvida muito melhor. A aparência do restaurante era bela, mais iluminada e
muito clean. A comida era mais nutritiva, muito mais leve, bem mais saborosa,
melhor textura e o visual então, nem se fala, dispensa comentários. Havia uma
farra gastronômica a minha disposição e eu, timidamente, mal tinha conhecimento
que aquelas opções de tortas, saladas, carnes e massas estavam ali, ao meu
dispor, tão perto e tão desconhecida até aquele momento. Aaaah a porra dos
antolhos, lembrei!!! Sucos maravilhosos também estavam no cardápio para saciar
a minha sede. As opções de sobremesas eram intermináveis e com água na boca,
devorei uma de minhas favoritas: torta alemã. Saciada e querendo voltar lá em
uma próxima e oportuna vez, almoço ou jantar talvez, mordi os lábios e passei a
língua bastante satisfeita com a minha nova aventura gastronômica. Fiquei tão
bem alimentada que me senti disposta a fazer muitas outras coisas produtivas
pelo resto da semana. Minha energia se multiplicou e o dia foi finalizado
somente as 22:30 na esteira da academia, ofegante, suada, extasiada, após minha
running class. O que uma boa nutrição não faz pela vida de uma pessoa né? Os
anoréxicos em todos os sentidos (que negam a necessidade de se alimentarem) que
me perdoem, mas comer bem é fundamental!!!
Pois é, a vida é assim, quantas vezes ficamos
literalmente agarrados ao passado, ainda que o restaurante que achávamos que
nos nutria tenha fechado as portas na nossa cara repentinamente. Ficamos muitas
vezes sentados diante dele, nos perguntando porque fechou e o pior, morrendo de
fome querendo ser fiéis a nossa preferência por aquela comida, que não está
mais disponível para você. Aaaah a porra dos antolhos!!!
Quando nos damos a oportunidade de experimentar
novos sabores, texturas, aromas e prazeres, podemos perceber o quão estávamos intoxicados
por um consumo sem nutrientes, com alimentos incompatíveis (há tempos) com a
nossa nova forma de vida, que nos fazia mal, além de nos deixar desnutridos e
muitas vezes até com fome. Parecíamos mal educados diante daquela comida e até
insaciáveis e sentíamos que tínhamos “defeito” por querer comer tanto aquela
porcaria. E aquela comida indisponível parecia nos colocar no lugar de mendigos
famintos e adictos por mais comida. Mas, fato é que a comida era inconsistente,
pobre em nutrientes, escassa em quantidade e rara em qualidade. Então, fodam-se os antolhos!!!
Se o restaurante fechou ou te deixou com fome
ou passando mal muitas vezes, pense bem se não está na hora de visitar outros
aprazíveis centros gastronômicos. Você pode se encantar e se surpreender com a
vida e consigo mesmo, principalmente sobre o fato de você ter assumido a
personagem clássica diante da vida de “catador ou catadora de migalhas”. Mande o restaurante e os antolhos pra puta que o pariu!!!
Está na hora de se fartar de vida e prazeres saborosos
e mais nutritivos. Catar migalhas é pra passarinhos, faz tempo que está na hora
de virar uma águia. Que venham os voos cada vez mais altos e belos!!! Aliás
quanto mais altos os voos, mais perto do sol, mais quentes, mais iluminados… Ótimos
hot voos!
Ela levanta bem cedo, espreguiça, toma o seu Prozac e coloca um copo de leite durante um minuto e
meio no microondas, depois passa para a xícara (porque o copo esquentou demais)
e então mistura com o café e coloca uma gota, apenas uma gota de adoçante na
xícara, mistura com a colherzinha, toma o seu complexo de aminoácidos e vai pra
academia.
Tudo sempre igual pra garantir, que de alguma forma, ela tem
algum controle sobre a sua vida.
Volta rápido depois da sua corrida na esteira e da série
intercalada de exercícios de musculação. Não deu tempo de fazer a aula de
alongamento. Corre, dá o café da manhã pro filho, beijo na bochecha e vai
trabalhar. Faz de novo tudo sempre igual, chega antes no trabalho, bebe água,
liga o ar e dedica-se cuidadosamente as
questões que foram colocadas em análise em seu ofício.
Tudo sempre igual pra garantir, que de alguma forma, ela tem
algum controle sobre a sua vida.
Então ela volta do trabalho, estuda, dá atenção pro filho,
coloca a produção textual em dia, arruma
algumas coisas, retorna as ligações, lembra que tem que comer alguma
coisa, toma um banho e tenta dormir.
Tudo sempre igual pra garantir, que de alguma forma, ela tem
algum controle sobre a sua vida.
Então, quando o dia acaba, todos dormem e a noite já caiu há
algum tempo, ela inicia as análises da sua vida, do seu dia, sente falta
daqueles que se foram e que deixaram marcas, sente saudades do amor que ainda
não viveu, sente a lua tocar o seu rosto arrancando uma e depois algumas
lágrimas, sente o cheiro dos seus medos, sente a sensação dos gritos do seu
coração, ouve o toque suave da brisa da noite e sente o olhar das folhas que
caem das árvores.
Tudo sempre igual pra garantir, que de alguma forma, ela tem
algum controle sobre a sua vida.
Então não consegue dormir e pensa que o outono está por vir, vai chegar de mansinho
trocando as folhas, caindo a temperatura e trazendo calma, quietude e descanso
para a alma, porque a noite, não temos de verdade controle sobre nada.
É tudo sempre diferente pra permitir, que de forma alguma, a
alma se sinta aprisionada sobre a vida.
Ela tomou um Rivotril pra reaprender a dormir e só então depois voltar a sonhar.Ela acordou depois de conhecer e não lembrar mais de nenhum
sonho esta manhã. Onde foram parar os seus sonhos?
Algumas definições de amigos: "Caçadora de Pérolas", "Alma Profunda", "Siri na Lata", "Personal Shrink","Alguém que sabe colocar a alma em palavras" enfim, mulher, mãe, amante da minha profissão como psicóloga e tendo a filosofia como paixão incorporada. Escrever é minha expressão. A minha inspiração? Gente, histórias de gente de verdade!