sexta-feira, 16 de julho de 2010

Freio ABS, utilize sempre que necessário.


"Parar um automóvel repentinamente em uma rua escorregadia pode ser desafiador. Os sistemas de freios antitravamento (ABS, anti-lock braking system) diminuem o desafio dessa situação muitas vezes enervante. Em superfícies escorregadias, mesmo motoristas profissionais não conseguem parar tão rapidamente sem o sistema ABS se comparado a um motorista comum que conta com esse sistema."

Uma mulher em crise existencial pós término de um relacionamento vivencia algo bastante parecido com a citação acima, até as mais experientes.

Vejamos como funciona. Entender a teoria dos freios antitravamento é simples. Uma roda que desliza (a área da pegada do pneu escorrega em relação à estrada) tem menos aderência que uma roda que não está deslizando.

Se você mulher já ficou imobilizada no gelo ou na lama, sabe que se as rodas (do seu cérebro) estão girando em falso, você não tem tração, não consegue sair do lugar. Isso acontece porque a área de contato está deslizando em relação ao solo, você fica "sem chão", como costumamos dizer. Ao evitar o deslizamento das rodas durante a frenagem, os freios antitravamento beneficiam você de duas maneiras: você irá parar mais rápido de se esvair em lágrimas e fazer merda (torpedos, ligações nas madrugas, e.mails, DR`s infinitas, choques e exposições desnecessárias) e será capaz de mudar a trajetória da sua vida enquanto freia.

Realmente, artigo de primeira necessidade quando precisamos nos dar limites e finalmente convalescer dos acidentes de e no percurso e assim, retomar o rumo e direção de nossas vidas.

Pois é, muitas de nós, com a experiência e sabedoria típicas dos anos de colisões e muitos arranhões, diga-se de passagem, aprendemos a usar o freio ABS.

Passamos alguns momentos desgovernadas e, em outros imersas em experiências desgovernantes. A porrada ou a imobilidade é quase certa quando estamos nessa vibe.

Bem, vejamos como funciona no universo feminino. Essa é uma estratagema que consiste em realizar uma lista das coisas horrorooooooosas que o sujeitinho tem ou tinha (porque agora vc vai enterrá-lo de vez), quando o relacionamento acaba e precisamos esquecer a figura e realizar um nobre sepultamento. Sim, pretinho básico na viuvez mas pô, pode ser aquele curtinho e sensual, de preferência com óculos escuros porque além de fatal conseguimos esconder a cara inchada de tanto chorar. Ficamos de luto mas não morremos, o cara é quem se foi!

Pois é, essa lista em geral é realizada quando realmente nos sentimos como NPP. Isso mesmo: NPP, como dizia uma cliente minha: "Nitrato de Pó de Peido". Quando nos sentimos assim, colocamos o sujeito nas alturas e ficamos lá embaixo com pena de nós mesmas e começamos a acreditar que a figura é o último picolé do verão, a última bolacha do pacote ou a última peça daquela loja que amamos. Autoestima? O que é isso? Esquecemos do que se trata esse sentimento.

Porra, para e pensa: ao invés de lembrar do que ele tinha de bom, triturando mais ainda o coração, recordando os best moments e incorporando o papel de masoquista, chafurdando na lama ou no gelo, se toca e lembra do que não prestava no sujeitinho. Seja sádica, masoquista nunca. Hahahaha!

Lembrar por exemplo daquela "bundinha sofrida" que se dirigia ao banheiro enquanto você ainda estava deitada na cama depois dos melhores momentos é tudo. Acrescente-se à cena trágica as estrias, a cabeça careca, o brinquedo tamanho PP, os e.mails com erro de português, a pela-ovário da sua sogra, as batatadas que o carinha falava na frente de suas amigas, o humor de Seu Lunga quando você estava sem o menor saco pra aturar, as vezes que ele te deu um balão, as patifarias dele quando você estava linda e ele entortando a cabeça pra olhar aquela paraíba popozuda que acabou de passar, os momentos cruciais que ele não compareceu (em geral eram os mais importantes e necessários), a cueca de saco de batatas ou com freada de caminhão, as cenas de ciúmes irritantes e sufocantes, aquela barriga sentada no seu sofá no Domingo dada à bebedice enquanto você cheia de energia só queria sentir os seus cabelos ao vento numa praia, o fato do carinha não ter te escolhido mas sim aquela songamonga que nem se compara à você (denunciando o mau gosto dele), as crises de bebezinho fora de hora quando você teve um dia de cão no trabalho, enfim, a lista seria infinita... Cada uma que faça a sua interminável.

Portanto, freio ABS, sigla que metaforicamente traduzida ficaria assim descrita: "Asco de Bundinhas Sofridas".

Um brinde ao novo artigo feminino de libertação e renovação de vida. E, que as nossas bundas cresçam e que os nossos freios do discernimento funcionem, sempre!