domingo, 3 de abril de 2011

Quero, logo vivo!

Ultimamente ando um tanto confusa, meus sentimentos estão realizando um debate por aqui. Coisas do amor, existe um nó dentro de mim...

Sabe, conheço pessoas que conviveram com seres ditadores, que já se foram nas suas vidas, mas a ditadura, a instituição prisional, o próprio algoz, continua dentro delas. Elas continuam a viver numa prisão, só que agora sem celas.

Mantém valores e atitudes que correspondem ao seu tempo de institucionalização, a submissão ao ditador e, esquecendo da dor de ser objeto do desejo do outro, muitas vezes se tornam déspotas, querendo submeter outros ao seu desejo. Assim, passam a praticar o despotismo a que foram submetidas.

Essas pessoas perdem aos poucos a conexão com as suas emoções, se despersonalizam e congelam sentimentos. Certamente essas reações ajudaram a sobreviver aos tempos de prisionização. O problema é que a prisão é reproduzida a cada agenciamento das suas relações, mesmo agora em liberdade.

Lamento tanto por aqueles que cumpriram pena apenas por sua omissão. Seu erro foi somente deixar de querer e deixando de querer deixou de viver os seus desejos, passou a desejar o desejo do outro...

Tão bom admirar a sua criança acordando e dizendo: “Mamãe o dia já chegou, olha, tá chovendo, quero colocar as minhas botas e pisar nas poças de chuva pra espirrar água por todo lado e fazer pleque pleque!”

Tão fantástico roubar os sorrisos de todos os seus amados amigos e ser chamada por um deles, aos risos, de cleptomaníaca!

Tão mágico amar intensamente e poder dizer isso, sem ser julgada, ao mesmo tempo que se é correspondida!

Tão simples se deliciar com pequenas idiotices do amor, como ver o amado se espreguiçar pela manhã, fazendo movimentos de um boneco na neve, fechando e abrindo braços e pernas, deitado na cama.

Tão incrível rir sozinha frente as mensagens inusitadas no celular, daqueles de quem se ama.

Tão maravilhoso se emocionar com o próprio trabalho e poder se conectar com as lágrimas e sorrisos daqueles para quem e com quem se trabalha.

É isso! Sem prisão, sem celas, sem clandestinidade, quero meu coração pulando do peito (como sempre), meu pulmão inflando com toda a força, meu sangue ardendo nas veias e meu cérebro pulsando mais rápido que a luz.

Quero intimidade, calor, magnetismo, mistério, amor. Por que?

Sem isso, prefiro a morte em lugar da institucionalização. Meu desejo é a minha vida, minha liberdade é o meu desejo.

Minha emoção é tudo que tenho, o resto, o resto mesmo, são conexões, instituições...

A vida é tão curta e tão hoje, desatei os nós... eles não me servem pra nada, eu não vivo em instituições.