sábado, 1 de junho de 2013

Dia do amor, sem fórmula por favor!



Hoje eu acordei com vontade que a vida me dissesse o que eu terei vontade de fazer. E tem sido quase sempre assim. Faço planos sobre o trabalho, cursos que quero fazer, viagens, programações de lazer, orçamento, reforma da casa, mas sobre o coração, não mais...

Em minhas explorações pela estrada afora, tenho aprendido muito, às vezes em par, muitas outras em carreira solo, o quanto o amor não tem fórmula, não tem planos, não tem metas, nem explicação e tampouco desafios, o amor simplesmente é, está lá, para ser sentido e vivido doce e livremente.

Não sei se vocês conhecem a origem do dia dos namorados, mas vale a pena recuperar o finalzinho da Idade Média, quando o bispo Valentim lutou contra as ordens expressas do imperador Claudio II, que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Será? Talvez né, os solteiros estão na pista pra "negócio" e conseguem tocar a vida sem bengalas, usufruindo apenas da sua própria companhia kkkkk. Bem, porém, além de continuar celebrando casamentos, ele se casou secretamente, apesar da proibição do imperador. Logo foi descoberto, preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, as pessoas militaram pela causa do amor, enviando à Valentim flores e bilhetes dizendo que ainda acreditavam no amor. Ao aguardar confinado o cumprimento da sua pena de morte, Valentim, como sempre desobediente às regras (ainda bem), se apaixonou pela filha cega de um carcereiro (olha a não exigência da perfeição do amor) e, milagrosamente (coisas do amor), ela voltou a enxergar, talvez para conseguir ler a mensagem que ele lhe deixaria (grifo da autora, eu). Antes de ser executado, Valentim escreveu um bilhete de amor para ela, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “De seu Valentim”. Esse momento comemorativo resgatando o valor do amor foi importado por nós, porém com uma pequena mudança, comemoramos o dia dos namorados em 12 de junho (ao invés de 14 de fevereiro, o primeiro Valentine´s Day)  por ser véspera do dia de Santo Antônio, o tal santo português que tem fama de santo casamenteiro.

Pois é, vez por outra, eu e minhas amigas, de forma gaiata e despretensiosa, pra falar a verdade, escrotamente, ficamos analisando os casais que vemos por aí e o quanto cruelmente achamos, com a nossa cabeça de abóbora, que eles "descombinam". Ah olha aquele cara lindo, sarado e bacana com a gordona na praia, que depois de tomar uma banda com as ondas que vem em vão, arruma o biquininho pagando peitinho, comendo areia como se fosse paçoca e é claro, transbordando todo o seu bacon para muito além do seu figurino. Na boa véi, eu não conheço o inferno, mas acho que essa deve ser uma das visões ou perspectivas de lá. Caraí, o que aquele homem viu naquela mulher??? Perguntamos com aquela pontinha (na verdade pontona) de inveja!!!

E quando vemos aquela bela com uma fera? Ela linda, inteligente, assertiva, com covinhas pra lá de sensuais que acabam de desenhar o seu lindo sorriso, com aquele ogro, barrigudo, grosseiro, que a trata como se ela fosse um esboço de nada e mesmo assim, ela faz tudo por ele, prioriza estar com ele, paga uma hiper paixãozona dizendo eu te amo, você é tudo pra mim, até flores ela envia pro sujeito, enquanto ele mal consegue dizer que gosta da companhia dela. Ele troca tranquilamente um jantarzinho íntimo que ela preparou (e o espera vestida com uma lingerie very very a lot sexy) para tomar cerveja até cair com os coleguinhas que ele mal tem intimidade do trabalho. Arf!!! Vai entender sobre o amor, pois é,  ninguém entende, é por isso que se chama AMOR!!! Porque não é racional, não tem fórmula e nem explicação. Ué, o valente militante Valentim não se apaixonou pela ceguinha, filha do carcereiro dele? Pois é, o amor é assim...

Se fosse porque a pessoa é o máximo em algum aspecto ou todos, seria somente admiração. Podemos admirar muito alguém e no entanto, não amar.  Se fosse porque o outro tem uma química incrível com você na cama, seria tesão. E vamos combinar, dá perfeitamente para ir para a cama, ter uma ou várias noites incríveis, sem amar a pessoa. Se fosse porque o outro te entende, te apoia e te aceita do jeitinho que você é, seria exclusivamente amizade. Pois é, temos muitos amigos e amigas que amamos muito fraternalmente (profundamente e pra sempre) e que, nem por isso, se transforma numa história de amor afetiva-sexual.  Se fosse porque vocês conversam por horas a fio, curtem muita coisa em comum e adoram estar juntos seria uma grande identificação. Nos identificamos pracaralho nessa vida com muitas pessoas que não passam a ser o nosso par amado.  Enfim, é claro que essas questões podem estar contidas em pessoas que se amam, mas se pararmos para pensar, nem sempre... Aliás, muitas vezes não. As qualidades ou vantagens acima não são condições sine qua non para se viver um GRANDE AMOR.

É por essas e outras nas minhas desvairadas andanças que há muito não quero porra de fórmula de amor nenhuma. Torço para não encontrar (ao contrário da música do Léo Jaime) a fórmula do amor. Quero ser amada pelo meu jeito torto, pelas minhas insensatezes, cegueiras, por minhas chatices e imperfeições, pelos meus momentos difíceis, pelas minhas batatadas, bolas fora e tudo que me torna humana e imperfeita e que, por isso mesmo, me fazem ser amada por alguém de um jeito singular. É lógico, diga-se de passagem, que tenho muitas outras coisas para oferecer (as minhas covinhas são lindas, é o que diz um amigo meu kkkkk), mas o bônus será somente pra quem se encarregar do sombrio ônus. Ah o amor!!!

Podem reparar, quando amamos e/ou somos amados por alguém, podemos ouvir as mais descabidas descrições: "adoro o jeitinho que ela mexe com o cabelo e faz os dedinhos dançarem enquanto fala" (e o pior, foda-se pro conteúdo do que ela fala, a forma que fala é linda), "amo o jeito com que ele esfrega as pernas na cama quando acorda como se fosse um boneco deitado na neve" (foda-se se ele tem o corpo sarado e lindo nu ou não, o que importa é o que aquele corpo faz em váaaaarios sentidos), "gosto do jeito que ela pede apontando freneticamente pro copo pra completar a cerveja" (outro foda-se pra saber se ela está bêbada falando um monte de merda), "gosto do jeito bronquinha dele quando está com raiva" (mesmo que ele tenha estragado o programa de vocês com a chatice dele).

Enfim, eu poderia ficar descrevendo inúmeros  absurdos de casais que quando vivem o amor, quando descrevem o outro, colocam uma pitada de pirlipimpim em alguma coisa totalmente ordinária aos olhos de qualquer um. Mas sabe o que eles veem? O extraordinário no outro. E vamos combinar, essa porra só pode ser o tal do amor.  Na verdade, para além daqueles que tem admiração, amizade, identificação, química, não sabem dizer o "porque" amam alguém, simplesmente amam e simsimsalabim ponto, entendeu (você com certeza não) ou quer que eu desenhe?

Então mando a fórmula do amor para a puta que o pariu. Não quero mais ficar fazendo balanço de porra nenhuma, onde foi que eu errei, o que é que eu fiz a menos ou a mais, o que tem de defeituoso em mim... Quero o amor livre, leve, inusitado, imperfeito e inexplicável, do jeitinho que eu acho que ele é! Quero ser amada pelo que sou!  E vamos combinar, isso só se descobre com o exercício da autoaceitação, do autoamor, isso é autoestima e nisso, acho que estou virando Phd.

Um brinde aos valentes, que amam sem saber o porque e ainda acreditam no amor! Porque quando se ama alguém não serve outra pessoa, é aquela e somente aquela, que é insubstituível pra fazer casa em seus braços, morar no seu peito, dormir na sua cama e habitar os seus devaneios.

5 comentários:

  1. Linda sua reflexão sobre esse mistério profundo e tão comentado que é o amor.
    Mais uma vez pude me deleitar com sua escrita envolvente.
    Está de parabéns!
    Bjs.

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  2. Sempre obrigada amiga por acompanhar as minhas histórias! Aliás o que torna as histórias poderosas é o deleite de vocês leitores.

    Muitos beijos.

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  3. Muito bom mesmo Crudinha! Búzios te deixou bem inspirada! Beijos e volte logo!

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  4. Nossa Claudinha,
    O que posso dizer a não ser: OBRIGADA POR TÃO BELA E PERFEITA DEFINIÇÃO!!!
    Mais uma vez AMEI!!!
    Bjs no seu coração

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  5. Valentim tinha a alma imoral, Claudia.rsrs Porém, amor sem admiração não cabe em mim. Mas cada um é cada um e realmente existe tudo o que descreveu. Parabéns pelo blog, voltarei mais vezes. Muitas vezes serão.rs
    Beijos, Edu.

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