quinta-feira, 9 de junho de 2011

Um dia...

Um dia dei risadas até a bochecha doer 
No outro os olhos cerraram de tanto sofrer
Um dia não encontrei palavras para expressar a dor
No outro meu corpo manifestou a falta de amor
Um dia acordei e as minhas células haviam se degenerado
No outro dormi e os cabelos já tinham crescido de novo desgrenhados
Um dia me revoltei imensamente por não ter um filho
No outro lutei vorazmente por sua vida que esteve por um fio
Um dia acordei e visitei meu pai
No outro adormeci chorando seu luto pela vida que se esvai
Um dia fui a filha do meio
No outro senti saudades do irmão que se foi e anestesiei a dor que veio
Um dia amei alguém desmedidamente
No outro chorei a sua falta de entrega compulsivamente
Um dia agradeci por todo o amor que sinto
No outro lamentei profundamente por ele não ser correspondido
Um dia o sol estava a brilhar
No outro a noite não tinha luar
Um dia acordei triste com o fim
No outro brindei alegre ao novo início
Um dia fui tão feliz que o brilho dos meus olhos
Acendia lâmpadas e pedia bis
Em outro minha fênix incendiada ao chão
Desfalecia em meu corpo ardendo em febre de tanta solidão
Um dia sentia a vida pulsar intensamente
No outro, ensandecida, a memória se foi lentamente
Um dia abri os olhos e lá ainda estava a minha vida
No outro os fechei e não mais abri, era chegada a hora da despedida
É por isso que sempre digo: a vida é tão hoje e tão curta
Curta tão somente hoje o que amanhã já se encurta
Hoje é o eterno, amanhã talvez seja só saudade
Desperte-se antes de adormecer, aproveite antes de acordar
Um dia sonhamos com uma vida
No outro a vida é um sonho

Nenhum comentário:

Postar um comentário