terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Novo ano sentindo como os lobos…

Um ano se vai e outro vem, com ele costumamos renovar os nossos votos de esperança, de luz e de energia para mais um ano anunciado.

Pois é, o que muda?

O ano ou a forma como podemos enxergar, sentir, cheirar, ouvir, tatear, intuir, provar, o novo que se aproxima?

Realizamos balanços infinitos, ponderamos as coisas que fizemos, o que queremos mudar, refocalizamos os projetos, reafirmamos alguns contratos valiosos e cancelamos outros que não nos servem mais, renovamos alguns relacionamentos que nos enriquecem e deixamos outros, os que nos subtraem, em estações diferentes. Celebramos as novas conquistas ao mesmo tempo que vivemos o luto do que ficou para trás. Assim é a vida…

O novo está todos os dias e segundos a nossa frente, dentro de nós, em todo lugar e a qualquer instante, mas muitas vezes não estabelecemos contato, não estamos dispostos a olhar diferente para o mesmo que se apresenta. O mundo não muda, nós é que mudamos a conexão, a concepção, a interação com as pessoas e as coisas.

O mesmo céu estrelado e brilhante, a mesma lua escondida e misteriosa atrás do morro, pode ser vista, sentida, tocada, com magia, encantamento e amor, ou com solidão, tristeza e temor. Olhar o ordinário e ver, enxergar, o extraordinário é sabedoria para poucos ou para aqueles com anos de estrada com muitas colisões e arranhões a flor da pele, ainda cicatrizando, certamente em contato com o seu lado selvagem.

Ler o cheiro, sentir um olhar, tocar em uma voz que sussurra, ouvir a sensação de uma pele arrepiada, enxergar o som do coração, provar o gosto da intuição é, na verdade a manifestação da integração com os seis sentidos, dádiva muitas vezes mal utilizada na correria que anestesia a todos nós, todos os dias, robotizando nossas emoções, endurecendo nossos corações, ressecando as nossas almas e prejudicando os nossos sentidos.

Para se ter uma ideia sobre o desenvolvimento dos sentidos dos lobos, sua audição é tão apurada que ele pode ouvir a queda de folhas das árvores durante o outono. Sua visão noturna é uma das mais avançadas, seus dentes representam uma das mais poderosas armas. A saliva dos lobos é apropriada para reduzir a infecção bacteriana em feridas e acelerar a regeneração dos tecidos, sua saliva é um bálsamo, seus "beijos curam". Durante a época de acasalamento, os lobos tornam-se muito carinhosos, antecipando o ciclo de ovulação da fêmea.

Nesse novo ano, apenas desejo que saibamos aguçar cada vez mais os nossos seis sentidos. Quisera que todos nós pudéssemos fazer a conexão com a energia dos lobos, principalmente os maus, que tem orelhas bem grandes para ouvir melhor, olhos enormes para enxergar melhor, nariz bem potente para farejar bem, boca com dentes bem poderosos para devorar o mundo com apetite e mãos bem fortes para pegar melhor, abraçar com intensidade.

Chega de princípes à cavalo e princesas encantadas aguardando para serem salvas, com as suas poses superficiais, com seus sentidos artificiais, cheios de perfeição platônica e pretensões irreais. Sejamos simplesmente gente, gente de carne e osso, imperfeita, insensata, incompleta, inacabada, errante, aprendiz, selvagem, que ri e que chora, que sangra, que sente, gente real, de verdade, que se doa e que recebe, que chega junto e que se dá, que tem medo mas que ousa correr riscos na aventura de viver. Gente que vive como os lobos, com os sentidos apurados, sensíveis aos estímulos, que abraçam, tocam, falam, escutam, se arrepiam e ficam lânguidas de desejo, inebriadas de sensações e sentidos.

O que faz a diferença? Ter um lobo em sua vida! Viver como os lobos nessa vida!

Os sentidos, os sentidos aguçados. Ah, os sentidos…

Desejo um 2011 cheio de sentido e de sentidos!

Sugestão de leitura: “Mulheres que correm com os lobos”, meu livro de cabeceira.
O livro de Clarissa Pinkólas Ester, aborda a importância da conexão da mulher com o seu lado selvagem através da análise e redefinição de lendas, contos de fadas e histórias antigas, analisando as semelhanças das características do feminino com a de uma loba. A obra se comunica diretamente com os conflitos cotidianos da mulher, porém todo homem deveria acessar essa bela e selvagem obra.

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